Ou como acabar com uma boa história com uma hora e meia de um filme ruim.

CUIDADO! Este texto contém spoilers, caso você ainda não assistiu o filme recomendo que assista e só depois leia este review (ou não). Ainda não aprendi a escrever sem dar spoilers suas bichinhas!

Olá minha gente, para vocês que não se lembram eu sou o Aron, aquele carinha que fez um review mal feito de Gunbuster, só porque consegui subornar o dono do blog com um pão com mortadela e uma garrafa de Dolly citrus.

Hoje, infelizmente, vou ter que lhes falar das coisas sombrias desse mundo, de como nossa existência não faz sentido e por que a vida se resume a desapontamentos e comida requentada no microondas às 10:30 da noite enquanto assisto ratinho no SBT. E porque estou dizendo isso? Por que agora temos o live action de Shingeki no kyojin e por isso o mundo se tornou um lugar pior.

Não podemos negar que havia um certo hype em torno dessa adaptação, tanto que de vez em quando pipocavam noticias sobre a produção do filme até mesmo em portais não especializados em otakices e perversões do tipo, porem esse hype simplesmente evaporou quando todos viram que o filme era uma merda... 

Pois é, não me entenda mal, não acho que o cinema japonês seja ruim, porém também não acho que seja bom, assim como qualquer mídia que existe na face da terra, mas de vez em quando a terra dos tentáculos com shoyu aparece com algo decente, entretanto para a infelicidade de todos nós esse com certeza não é o caso desse filme. Sério, há tanta coisa errada com esse filme que eu nem sei por onde começar. Personagens rasos? Roteiro sem criatividade? Ritmo estupidamente acelerado ao ponto de tentarem espremer acontecimentos que gastaram doze episódios no anime em um filme de uma hora e meia? Não há muito que dizer sobre esse filme além do fato de ele ser uma bosta, como eu posso descrever esse filme? 

Caça-níquel talvez seja o melhor adjetivo para descrever essa coisa, é como se os produtores quisessem dizer: 

“Olha criançada nós temos gigantes com cara de retardado, aquela paradinha que parece o homem aranha e sangue e tripas espalhadas por aí, venha dar uma olhada!” 

Acontece que o público não é tão idiota como eles imaginam e a resposta foi imediata, basta dar uma olhada no Google para encontrar outros duzentos reviews falando mal desse filme. Não existe cuidado nenhum da direção com qualquer dos elementos que deixaram SnK famoso no mundo todo: tensão psicológica? Desespero? Representação do medo ancestral da raça humana em ser devorado por um predador? Esqueça essas bobagens! Aqui a única coisa que temos aqui é personagens rasos vomitando seus medos e estados de espírito na tela, é quase cômico em ver que os personagens no live action são em essência caricaturas das suas contrapartes animadas, os seus maneirismos e características estão lá mas ao mesmo tempo eles são rasos em comparação.


Tecnicamente o filme é aceitável, a caracterização está ok, a fotografia está ok, os efeitos especiais estão ok apesar do uso excessivo de filtros para disfarçar as falhas do CG, o que é impressionante se levarmos em conta como as produções cinematográficas japonesas são apressadas para gastar menos dinheiro possível, eles não tem o hack do dinheiro infinito como Hollywood e certamente isso não é necessário para fazer um bom filme, prova disso é o fato que eles tiveram que mudar a ambientação medieval para algo mais pós apocalíptico com aquelas construções modernas abandonadas, equipamento militar espalhado por aí e claro pelo fato de no filme haver veículos automotores. Mas dada as restrições orçamentárias até conseguiram fazer um trabalho apresentável, pena que a direção e o roteiro não seguiram o exemplo da equipe técnica, deveriam, mas ao invés disso acho que estavam ocupados demais se masturbando para algum doujin hentai de Danmachi enquanto escutavam o novo single da Taylor Swift, destes aspectos apenas a trilha sonora deixa a desejar, não é ruim, mas é facilmente esquecível e não cumpre muito bem o seu papel de nos imergir no mundo de SnK.

Agora vamos para a parte onde a porca torce o rabo: elenco e personagens. Dando uma olhada no elenco escalado dá pra ver que tirando os atores mais velhos (inclusive as melhores atuações do filme são deles, e olha que nem podem exatamente ser consideradas boas) nenhum deles tem bastante experiência, isso poderia ser arrumado se a direção de Shinji Higuchi não fosse tão preguiçosa, mas como eu já disse ele deveria não estar nem aí para a atuação dos atores, o resultado disso são atuações apáticas, falta de carisma e cenas de luta quase ridículas e a sensação de que aquilo tudo é algum tipo teatro cosplay ou algo do gênero e não um filme profissional, a despeito do fato do rosto oriental em geral ser menos expressivo que o rosto ocidental ninguém parecia ter incorporado o personagem, a sensação que eu tinha quando um titã aparecia era mais ou menos essa:

 - Olha um titã... 
 - Oh, é mesmo um titã! 
- O que deveríamos fazer?
 - Sei lá... Me disseram que era para eu gritar e ficar parado enquanto eu vejo essa gente ser devorada brutalmente,
 - Ah, então tá né

Também não ajuda o fato dos personagens serem bem diferentes do mangá/anime, normalmente isso não seria um problema se os personagens se desenvolvessem corretamente dentro do universo do filme, mas isso não acontece. E sejamos sinceros, algumas das decisões tomadas são totalmente incompreensíveis, na história original temos o Power trio Eren, Mikasa e Armim, as características de um compensam as falhas do outro no melhor estilo grupo shonen e toda a história é contada do ponto de vista desses três. No filme eles até aparecem juntos, mas é só. Eren vira um rebelde sem causa e encrenqueiro, Mikasa vira uma espécie de anti heroína que tenta se vingar do Eren por nenhuma razão plausível e Armin tem pouquíssimo tempo de tela, os outros personagens só estão lá por estarem lá, para morrerem de forma ridícula, obviamente. 

Quando eu estava assistindo o filme tentei apagar o anime da minha memória e avaliá-lo de forma independente e até fui mais ou menos bem sucedido nisso, mas quando eu terminei me veio logo à cabeça: “foi mesmo shingeki no kyoujin que eu acabei assistir?”

Como eles puderam transformar a Mikasa numa vagabundinha que dá para o seu superior só para conseguir uma posição melhor na tropa e fazer ciúme no Eren, como transformaram a Hanji numa incompetente que não sabe usar o DMT e serve apenas para irritar os outros, e o pior de tudo como ousaram criar um romance entre Eren e Sasha, apenas para o alívio cômico da série? Nem na história original ela recebe muito desenvolvimento e só está lá para não deixar o clima geral muito pesado, mas ainda sim eles tiveram a idéia de emendar um romance com o protagonista, isso não faz sentido mesmo se desconsiderarmos o mangá/anime. Então como eles acharam que isso seria uma boa idéia?

Resumindo, mesmo que você assista de graça em algum site bosta de streaming  - como foi o meu caso - não vale à pena assistir, você poderia gastar esse tempo de uma maneira melhor como passeando com o cachorro, lavando o carro ou adorando a nossa senhora e salvadora Homura Akemi (por que você não está louvando a Akemi sama? Seu herege!) 

E eu tenho pena dos japas que gastaram seu suado dinheirinho ganho através de um emprego ultrajante em alguma empresa de TI nojenta para assistir essa abominação, mas infelizmente a vida é assim. 

Agora se me dão licença, vou voltar a ler Máquinas Agrícolas enquanto escuto Macintosh plus no meu walkman, talvez assim eu chegue na quarta dimensão, até mais.

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